terça-feira, 21 de abril de 2009

INFRAESTRUTURA URBANA-FAVELAS-ELETRICIDADE

Esta foto é de Guarulhos, uma ocupação em sua maioria irregular invadindo faixa de dominio do DER / Prefeitura de Guarulhos, num misto de ligações "gatos" e legais, condição encontrada na periferia do Municipio, e que é a paisagem da "Periferia Metropolitana" de São Paulo.

Meu recado.
Eis uma notícia realmente importante. Vejam uma mudança de paradigma: combate à ilegalidade. O fim dos "gatos" de ligações eletricas.
Uma ação contra essa ilegalidade foi feita pela Eletropaulo, na favela de Heliópolis, em São Paulo, cerca de 4 anos passados. Instalou-se na favela alguns medidores com leitura remota, colocados nos postes em posição bem alta inalcançável sem escada. Com esses medidores, houve uma negociação para que as pessoas que adotassem o fornecimento medido teriam alguns equipamentos, como lampadas, geladeira - mas não mencionando ar condicionado - gratuitos, uma tarifa social, e argumentando que a conta de luz seria utilizado como comprovante de endereço.
Não acompanhei os resultados dessa ação, que tinha a caracteristica de uma negociação de forma pacifica.
No caso da favela Santa Marta, na Zona Sul do Rio, houve uma intervenção policial afastando a "proteção" dos narcotraficantes impedindo o acesso das diversas concessionárias na verificação das ligações clandestinas.
Considerando que as concessionárias de eletricidade nunca tiveram prejuizos, mesmo com essas ligações clandestinas, pois provavelmente esse "prejuizo" eram rateados para todos os consumidores medidos, com a eliminação desses "gatos" haverá aumento na lucratividade.
Considerando que muita gente da dita classe media não tem duas geladeiras, ar condicionado, tv a cabo e banda larga, e ainda paga IPTU e outras taxas, por que a dita classe pobre tem esse privilégio?
Considere-se que com a expulsão dos narcotraficantes da favela, o policiamento nesse local precisará ser mantido reforçado para não reverter seu controle,e por isso a favela passará a ter mais privilegios de segurança pública do que muitos bairros da dita classe média, ou dos legitimos "tax-payer"como dizem os americanos. E que essa segurança lhes será oferecida sem nenhuma contribuição no IPTU - que não pagam.

Dessas duas ações, podemos analisar pontos positivos e negativos, tanto para as concessionárias, para o governo, para a população favelada, para a nossa cultura cidadã e para o meio ambiente.
Eu tenho meu ponto de vista, mas seria muito proveitoso para cada um de nós, arquitetos, urbanista, sociologos, politicos, empresários e cidadão, opinarmos sobre essa questão. Fica o desafio...

Com mais segurança, favelas agora começam a receber contas
Seg, 20 Abr, 01h09



O casebre de alvenaria tem 20 metros quadrados, distribuídos em sala, cozinha, quarto e banheiro. Não há janelas. A casa fica no alto de uma escadaria, no meio de um beco. Ao longo de 30 anos de trabalho como faxineira, Terezinha Mesquita, de 59 anos, acumulou bens e conforto. O imóvel, no coração da favela Santa Marta, zona sul do Rio, onde mora com a filha adotiva Júlia, de 9 anos, tem duas geladeiras, TV 29 polegadas, ar condicionado, ventilador de teto, máquina de lavar, chuveiro elétrico e computador. Terezinha não paga um centavo de luz desde que chegou do Ceará, em 1970. É tudo "gato" - gíria para ligação clandestina.

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Até novembro, Terezinha também tinha gatonet (todos os canais da NET, inclusive os de pay per view ) e gatovelox (internet banda larga), pagando R$ 25 mensais por cada serviço. As concessionárias não entravam no Santa Marta, assim como na maioria das favelas cariocas, pois seus funcionários eram expulsos por traficantes. Agora, a ilegalidade está com os dias contados. Depois que a polícia ocupou o território e acabou com o tráfico, abriu caminho para que a Light e outras empresas cobrem por serviços até então "furtados". A conta ainda não chegou, mas promete ser alta.

Terezinha já perdeu a TV cabo, está sem internet e sofre cada vez que pensa na conta de luz, que começará a ser cobrada em julho. Por seis meses, moradores vão pagar tarifa social de R$ 15,72, seja qual for o consumo. Depois, a conta vai aumentando até chegar ao valor cheio.

A conta da legalidade atingirá também a Favela do Batam e a Cidade de Deus, ambas na zona oeste. "Estou cabreira", admite Terezinha, desempregada desde dezembro. "Eu e várias pessoas não vamos poder pagar a conta de luz. Acho que, de cada 100 moradores, cinco podem gastar esse dinheiro." Terezinha sobrevive de bicos e dos R$ 65 que ela e a filha ganham do Bolsa Família.

A tarifa social estipulada pela Light não contempla casos de desemprego. A empresa promete investir R$ 3 milhões para reformar a rede, instalar cabos à prova de gatos, oferecer geladeiras e chuveiros mais econômicos, além de ensinar a economizar energia. Em troca, vai cobrar pela luz, cortar fornecimento de inadimplentes e processar quem fizer gato. "Queremos que os moradores tenham os mesmos direitos e deveres dos outros 4 milhões de clientes", diz José Geraldo Pereira, superintendente de Recuperação de Energia da Light.

Para que as pessoas se acostumem, este mês a empresa emitiu as contas. Ninguém precisou pagar, mas o susto foi grande. "Deve ter tido algum problema no relógio", desconversa José Mário Hilário dos Santos, presidente da Associação de Moradores. Sua conta, que não passava de R$ 6, chegou a R$ 300. Quem não puder pagar a conta terá de abrir mão, por exemplo, do ar condicionado. "Ar condicionado aqui não é luxo, é necessidade. O calor é infernal. É uma casa grudada na outra", defende Santos.

A paz que chegou com a polícia é bem-vinda na comunidade. Difícil é abrir mão do conforto. O governo do Estado já providenciou internet gratuita aos moradores do Santa Marta. Basta comprar um aparelho de R$ 50. Mas TV a cabo virou luxo. E dos caros. Depois que a polícia acabou com o gatonet, nenhuma operadora se interessou em oferecer o serviço aos 9 mil moradores. A maioria não consegue captar nem o sinal da Globo.

Para quem estava acostumado a ver mais de 35 canais, está difícil se acostumar. O garçom Antonio Soares de Azevedo teve de se juntar a um vizinho para dividir a conta da Sky, de R$ 120. "A vida aqui está bem tranquila. Vale a pena pagar mais caro." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

http://acasadohomem.blogspot.com


Luiz Henrique Dias da Silva, escritor e estudante de arquitetura tem textos interessantes mesclando a visão da descoberta da arquitetura e urbanismo com o seu olhar de cidadão politicamente participativo.



http://acasadohomem.blogspot.com/
Sábado, 18 de Abril de 2009
CAMINHANDO POR FOZ
* Texto escrito para o Jornal A Gazeta do Iguaçu de 20 de abril de 2009.

* Agradecimento especial para a doce Renata: fonte de ideias, sonhos e inspirações.
Tardes na Avenida Paraná

Faça o teste, amigo leitor. Pare na calçada da Avenida República argentina, na pista que liga o JL Shopping ao centro, em frente ao Hotel Bella Itália e, por um leve instante, feche os olhos. Ok? Bom, agora abra os olhos e vá caminhando em direção a Avenida Paraná. Você vai percorrer cinqüenta metros de puro desconforto: de um lado aquele muro da Vila Militar e a sua frente carros, motos, ônibus e o congestionamento normal do cruzamento da Paraná com a República. Ao chegar à esquina dobre a esquerda e observe como a vista vai ficando mais clara e parece que o barulho vai sumindo (apesar de ainda estar ali) e, à medida que você faz o trajeto da calçada vai surgindo um oásis urbano que já citei diversas vezes aqui: aquela pista de caminhada da Paraná. Uma das mais felizes intervenções urbanas que eu já vi em nossa cidade. A sombra produzida pelas copas das árvores, o cheiro da grama e o ar que vem de dentro da mata (isso quando não aparecem alguns quatis) produz um bem estar incrível e nos faz esquecer que, há poucos metros, ali na avenida, passam centenas de carros por hora e em alta velocidade. Caminhando por lá, esquecemos da vida, dos afazeres, do estressante telefone celular e chegamos a ter, por um momento, pena dos que estão dentro dos carros, se deslocando sem poder olhar a paisagem e sem poder sentir os cheiros que ali existem.







Estas sensações que você vai experimentar foram descritas pelo arquiteto Francês Charles-Edouard Jeanneret (conhecido como Le Corbusier) como sendo o princípio do caminhamento. Quando as paisagens vão surgindo a frente do homem. Faço a transcrição dos escritos de Le Corbusier aqui: “Nosso homem está munido de dois olhos, 1,60 metro acima do solo e olhando para frente. Uma realidade de nossa biologia suficiente para condenar muitos planos que se pretendem bons, mas que se sustentam sobre um eixo impróprio. Com seus dois olhos, olhando para a frente, nosso homem caminha, se desloca, entregue a sua ocupações, registrando assim o desenrolar dos fatos arquitetônicos (e naturais) que aparecem um depois do outro. Ele experimenta a emoção, fruto dessa comoções sucessivas (…) essa é o caminhamento”.
Por isso, caro leitor, faça o teste. Esqueça (por que não agora?) os seus afazeres e vá até a Avenida Paraná percorrer o caminho das árvores. Sinta o cheiro do mato. Veja os quatis e volte para casa cheio de sensações e histórias pra contar. Sem falar que faz um bem danado para a saúde do corpo e da alma.

Luiz Henrique Dias da Silva é escritor, estudante de Arquitetura e Urbanismo e comunista (convicto). Ele escreve todas as segundas aqui no Jornal A Gazeta do Iguaçu e, diariamente, em seu blog acasadohomem.blogspot.com , onde fala de suas impressões sobre a cidade de Foz do Iguaçu. Ele voltou a morar em Foz do Iguaçu há dois anos e, de lá pra cá, acabou engordando um pouco. Ele alega que “fora caminhar na Paraná e ir ao gramadão, não há muito o que fazer para se exercitar aqui em Foz”. E completa: “As pessoas na cidade, acham que lazer é ir comer em algum lugar e isso é um erro! Temos que criar mais espaços de lazer e convivência!”. O Luiz é um idealista e, como todos os idealistas, viaja na maionese.

GARAGEM SUBTERRANEA PARTICULAR


Garagem do futuro esconde carro embaixo da terra
http://empresas.globo.com/Empresasenegocios/0,19125,ERA1698254-2574,00.html


Da redação


Garagem do futuro
A empresa inglesa Cardok desenvolveu um produto que vem sendo chamado de garagem do futuro. Graças a uma plataforma hidráulica, é possível esconder o carro sob um jardim ou até sob outro carro (se a sua idéia é fazer com que os ladrões levem o pior veículo, que ficou por cima).
Com uma espécie de elevador, o carro é levado para baixo da terra e na parte superior, com o “disfarce” de um jardim, ninguém sabe que há um veículo estacionado ali embaixo.

O preço do produto ainda é bastante salgado - 50.000 libras -mas oito garagens como essa já foram construídas, quatro estão em produção e mais dez estão encomendadas na Inglaterra. A lista de espera pela garagem do futuro é de quatro meses.

sábado, 11 de abril de 2009

Lecionando infraestrutura urbana no Acre.

E-mail para Profa. Ana Maria Cardoso Cunha, do Acre.

Ana, que bom saber que temos mais alguém divulgando a necessidade de entender o urbanismo de forma integrada com a sua infraestrutura urbana, sem a qual a vida urbana fica ameaçada pelo desconforto, insegurança e pela insalubridade.
Frequentemente discuto com colegas de Secretarias de Habitação, de movimento de desfavelamento e de Planejamento, quanto à necessidade de priorizar a infraestrutura sempre que pensar em obras residenciais, em especial a destinada a população de baixa renda. Para tornar a idéia folhetinesca, chego a afirmar que é preferível residir numa tenda de camping em lote inteiramente atendido por todas as redes de infraestrutura urbana, do que numa casa de alvenaria com atendimento deficiente de água, esgoto, luz e gás. No total, tem-se melhor qualidade urbana e de vida na primeira situação do que na segunda.
Ao pensar numa urbanização de área residencial atendida por redes de infraestrutura urbana, é inevitável considerar os custos da urbanização. Custos de instalação, custos de operação e de manutenção. As redes de infraestrutura são em geral concessionadas e vivem do equilibrio de consumo e tarifas, sendo que as tarifas derivam de variáveis de custos de investimentos e retorno desses investimentos. Simplificando, as concessionárias planejam recuperar seus capitais empatados, num prazo razoavelmente negociados, a um custo proporcional ao consumo. Enquanto numa Avenida Paulista um investimento é rapidamente recuperado pelo alto consumo de energia, no exemplo de um caso de rede elétrica, num bairro de periferia o baixo consumo em áreas de baixa densidade, o retorno do investimento poderá ser muito demorado. Portanto, a baixa densidade combinado com baixa renda da população é uma condição desinteressante para as concessões.
Sem essa constatação, as entidades governamentais que tratam da questão habitacional, com frequencia incorrem em ações que são evidentemente inadequadas, como a de desalojar pessoas de favelas e cortiços ( de alta densidade residencial) para conjuntos residenciais com casinhas isoladas ou geminadas duas a duas ( baixa densidade). Possivelmente nas favelas as pessoas tinham energia eletrica gratuita com as ligações clandestinas, e no conjunto habitacional deverão arcar com a energia medida nos relogios. Vale observar que a energia clandestinamente consumida tem seus custos, provavelmente lançadas na contabilidade de perdas ou de consumo social. No caso do conjunto habitacional, cada residencia com seu medidor exigirá mão de obra da concessionária para inspecionar as linhas, fazer leituras dos relogios e processar as contas ( emissão e cobranças). Mais linhas nas ruas, maiores as possibilidades de ligações clandestinas, roubo de fios e vandalismos, cujos custos são socializados entre todos os consumidores, pois as concessionárias em geral, apesar de todas as perdas, dão lucros para os seus acionistas.
O entendimento de que a urbanização deve ser percebida também no espaço aéreo e subterraneo, e que a infraestrutura deve ser observada junto com a superestrutura ( edificios) e com a gestão da cidade, é cada vez mais uma forma de busca de maior eficiencia das cidades, minimizando seus custos e maximizando seu desempenho.
Sim, temos muito que divulgar a importancia da infraestrutura urbana para os nossos colegas e administradores de cidades.
Um grande abraço.

sábado, 28 de março de 2009

Minha Casa, Minha Vida ( e meu voto)

Pelo que fiquei sabendo sobre esse programa, o dinheiro só será liberado à Prefeitura se o terreno pertencer ao Municipio. Face à dificuldade de muitos municipios em atender essa premissa, especialmente quando ainda estarão em vias de desapropriar areas para as habitações, pois o custo do terreno não entra nas prestações dos mutuários ( senão inviabiliza a compra das unidades), hoje BASTA A DECLARAÇÃO DO PREFEITO de que a propriedade é Municipal.
Isso me parece preocupante, especialmente se considerarmos o ínfimo número de Prefeitos que foram processados por irregulares administrativas neste Brasil - e no Nordeste e Norte do País há um monte de processos sem definições, caducando, etc.
Portanto, senhores proprietarios de terrenos, cuidado com Prefeitos mal intencionados que irão simplesmente ocupá-los com verba federal, colocar um monte de "invasores" legais e financiados pela Caixa, e que terá de brigar na justiça contra os pobres ( que sempre vencem e tem final feliz neste País de compra-votos) e com os advogados da Caixa.
Se alguém tiver informações que me desmintam, por favor me avisem.



"O governo lançou nesta quarta-feira o programa "Minha Casa, Minha Vida", que tem como meta a construção de 1 milhão de moradias para famílias com renda de zero a dez salários mínimos. Segundo o governo, a iniciativa vai consumir recursos de R$ 34 bilhões, entre aportes da União, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), Caixa Econômica Federal e Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)".

"O Plano Nacional de Habitação, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciará nesta quarta-feira, pretende reduzir em 14% o déficit habitacional do País. Atualmente, o patamar de déficit chega a 7,2 milhões de moradias, e a idéia do governo é construir um milhão de casas para baixar este valor. O programa "Minha Casa, Minha Vida" entrará em operação a partir do dia 13 de abril".

"Com recursos da ordem de R$ 34 bilhões, o plano prevê subsídios integrais, com isenção do seguro, para famílias com renda de até três salários mínimos, e subsídios parciais para a faixa salarial de três a seis salários mínimos".

"A iniciativa também prevê estímulo para famílias com renda de seis a dez salários mínimos adquirirem a casa própria por meio de redução dos custos do seguro de vida, atualmente embutido no custo do financiamento, e acesso a um Fundo Garantidor, que irá assegurar a construção e entrega da casa mesmo se o mutuário perder o emprego e não puder pagar, por um período, as prestações".

sábado, 21 de março de 2009







Dispensando arquitetos...Colegas arquitetos, convido-os a meditar sobre o significado destas imagens.
O cidadão que quizer gastar o seu dinheiro brincando de arquiteto tem todo o direito de desperdiçá-lo em obras que são verdadeiras reformas contínuas e intermináveis.
Agora, será que o cidadão teria o direito de criar esses mostrengos na paisagem urbana, contribuindo para enfeiar a cidade? Será que todos os prédios deveriam ser obrigados a estarem pelo menos com a fachada acabada, bem cuidada - mesmo que de gosto duvidoso?
Alguma dessas fotos mostra, como no caso da entrada da casa que ficou abaixo do nivel da rua, que pode ter sido uma pavimentação posterior que elevou o grade original de terra para um alteamento para o pavimento. Acontece muito, e em ruas sem pavimentação recomenda-se, por precaução, pois nem sempre o poder publico tem condições de antecipar informações de futuras pavimentações, colocar a soleira de entrada a pelo menos proximo de 1m acima do nivel do solo da rua, no seu ponto mais alto.
Outras fotos, como a dos mictórios junto ao canto, que só pode ser utilizado um deles de cada vez, é um absurdo evidente. Mas recentemente, visitando o Cinemark Eldorado, considerado o melhor da rede, encontro um banheiro onde os mictorios estão lado a lado, sem a divisão, que até promove um rala-rala de ombros, o que é evitado pelos usuários ( não gays) ficando quase sempre um mictorio sendo utilizado e um sem ninguem. Olhando esse absurdo, interpreto como uma esperteza em fazer cumprir a lei de numero de mics em relação à lotação, e que passou "despercebido"pela fiscalização que deu o "habite-se". A realidade é que os vasos sanitários ficam ocupados como mics. Além disso, o melhor cinema de Sampa, segundo a revista Veja, se não me engano ( o reporter deve ser gay ou simpatizante) tem a altura dos mics muito altos, discriminando as crianças e pessoas de estatura menor.
Aproveito para sugerir uma TOLERANCIA ZERO em relação às leis urbanas, demolindo, a qualquer tempo, todas as irregularidades, em especial as construções em locais de risco e de preservação, independentemente de serem ou não de pessoas necessitadas - necessitam de lei, necessitam de saber que sem leis urbanas rigorosas as cidades ficam insuportáveis.
Vamos refletir um pouco mais sobre essas imagens. Sei que muitos colegas preferem ver fotos de obras bonitas e premiadas, mas sem divulgar a arquitetura, o urbanismo ( temas de 80% dos roteiros turisticos de qualquer lugar do mundo) a nossa profissão fica a mercê de mecenatos cada vez mais raros.
Tenham todos um bom fim de semana.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Habitação Popular e Cecap Guarulhos


Uma sugestão mais que interessante.
Um assunto que não quer calar.
Um tema que os politicos adoram ver como oportunidade assistencialista.
Um tipo de obra que os empreiteiros sempre conseguiram sair com lucro.
Grandes somas de dinheiro para serem manipuladas pela corrupção.
Ainda hoje conversavamos sobre o Parque Cecap, projeto do Vilanova Artigas, Fabio Penteado e Paulo Mendes da Rocha. Uma proposta de habitação popular para operários da Zona Industrial Metropolitana em Guaruhos, e que as entidades governamentais fazem questão de colocá-la no esquecimento - injustamente. E talvez para afirmar o descaso, o CDHU construiu em áreas remanescentes do Parque algumas unidades do mais baixo padrão arquitetonico e tecnologico de construção, uma verdadeira aberração para os dias de hoje, e uma afronta ao que foi construido pelo menos quase 40 anos passados.
O que seria correto em termos de desenvolvimento cultural, seria aprimorar o que já foi feito e, a cada novo predio as unidades, os condominios, e outros elementos fossem melhorados paulatinamente. Assim criariamos uma cultura do aperfeiçoamento, da eficiencia, do defeito zero, algo que faz muita falta à nossa profissão, basicamente focada na criação do inedito, do diferente a qualquer custo, da autopromoção à custa dos clientes. Poucos profissionais pensam tão pouco nos seus clientes como os arquitetos. Quem sabe, disputamos com os estilistas de moda e os cabeleireiros, que se autopromovem sem pudor com o dinheiro e, no caso deles, com o corpo de seus clientes ( cabelos, pescoços, orelhas, dedos..).
Não sei até que ponto os colegas conhecem o Cecap, pois:
1) Foi pioneiro na planta livre, que hoje é um luxo de apartamentos de alto padrão, mas que no Cecap é para habitação popular;
2) Foi, pelo menos em Guarulhos ( e acredito que na maior parte das cidades do Brasil) pioneiro em ter medidores de água individualmente por apartamento;
3) Foi pioneiro em conjuntos residenciais em construir predios sem caixa dágua, pois todo o conjunto Cecap, com cerca de 8 condominios com 500 apartamentos, é abastecido por uma caixa dágua da concessionária, garantindo assim custos menores de distribuição e, o que é melhor, a garantia de limpeza e manutenção do reservatório.
4) Foi pioneiro em adotar para conjuntos habitacionais populares a caixa de descarga com reservatório acoplado, garantindo maior economia de consumo de água do usual registro de descarga conhecido como valvula hydra;
5) Foi pioneiro em adotar, além da planta livre, um conjunto de caixilhos e de armarios que permite o remanejamento de paredes ( leves), evitando-se que nas reformas alguma parede fique de topo no meio de um caixilho; e os armários modulados que acompanham os montantes dos caixilhos, permitindo o remanejamento de paredes formando apartamentos de 1,2,3 dormitorios nos seus 64m2. Como resultado dessa possibilidade de remanejamento, várias familias lá permanecem desde recem-casados, após terem criado seus filhos ( periodo que exigiu 3 dormitorios), sem precisarem de mudanças de endereço.
6) Foi o pioneiro em considerar que as familias de operarios pudessem ter carro, e cada apartamento tem uma vaga. Nos anos 70, vários apartamentos foram construidos sem garantia de ter pelo menos 1 vaga.
Enfim, essa obra mereceria um pouco mais de atenção dos nossos estudiosos. Aprimorar tal projeto seria uma enorme contribuição para a dignidade da habitação popular de um lado, e de outro, a formação de uma cultura do aprimoramento, de respeito ao usuário ( de qualquer nivel social) até mesmo aqueles clientes que procuram os "arquitetos de grife".
Vamos buscar e formar nossa massa critica de projetos de habitação, buscando talvez desrotular a habitação popular de baixa renda. Se é que os colegas já perceberam ou não, o que está acontecendo é um rebaixamento de qualidade dos imoveis, algo contrário ao que os arquitetos do Cecap propuseram. Os predios de classe dita média está cada vez mais com cara de habitação popular, pois no seu interior querem vender apartamentos com 2 suites em menos de 60m2;e em seu exterior, conseguiram impor janelas que abrem apenas pela metade, que foram criadas nos anos 80 para as Cohabs da vida. Janelas que podem ser questionadas, pois se o vão foi aprovado como 1/5 da area do piso, mas sempre fica metade fechada, ela burla a lei e não deveria ter o "habite-se". Colegas da fiscalização de prefeituras, vamos recusar o "habite-se" desse tipo de burla-consumidor e burla-leis.
Se o velho Artigas se foi, o colega Paulo Mendes da Rocha, agora prêmio Pritsker, quem sabe, gostaria de liderar esse aperfeiçoamento da proposta Cecap. Seria ótimo.
Um grande abraço a todos.
Maryoxi